Foi no passado dia 22 de Outubro que decorreu mais uma acção de informação integrada no Projecto Melhor Eucalipto, desta vez em Abrantes (apresentações em melhor-eucalipto_abrantes_22_10_2014).
Na abertura da sessão esteve o vice-presidente da Câmara Municipal de Abrantes, João Gomes, que destacou a importância da floresta para o território abrantino (42 mil em 72 mil hectares de território), sendo parte eucaliptal (17 mil hectares), espécie relativamente à qual “ainda há muita falta de informação”.
João Gomes elogiou o trabalho que a ZIF Aldeia do Mato tem realizado, reconhecendo que a existência de parcelas muito pequenas dificulta a criação de novas ZIF. “Precisamos de ordenamento para termos mais rentabilidade”, considerou.
O presidente da direcção da ZIF Aldeia do Mato, António Cruz referiu, por sua vez, que durante a instalação de eucaliptais têm de se respeitar diversas premissas, nomeadamente as linhas de água. “Se as linhas de água forem respeitadas, o mito do eucalipto enquanto sorvedor de água vai desaparecer”. O tema da água tem sido, aliás, abordado em diversas acções de informação do Melhor Eucalipto, tendo Eduardo Mendes, do RAIZ (Instituto de Investigação da Pasta e do Papel), assinalado que segundo estudos realizados desde há vários anos, o eucalipto não aprecia de todo zonas de encharcamento.
Por outro lado, o presidente da direcção referiu ainda que falta ordenamento, nomeadamente espaço entre plantações, com muitos proprietários a plantarem até à extrema, sem respeitarem as servidões de passagem. António Cruz defendeu que as pequenas parcelas devem juntar-se e que as ZIF são a melhor forma de o fazer.
O tema da gestão do eucaliptal tem marcado sempre as acções de informação promovidas pelo Projecto Melhor Eucalipto.
Clara Araújo, da ALTRI Florestal, lembrou o seu percurso na área de investigação científica com eucalipto, e reforçou: “o problema não é a espécie. É a gestão”. Na sua apresentação fez um breve resumo sobre o tipo de licenciamento necessário para as acções de arborização e rearborização, explicando como funciona a plataforma SI ICNF, deixando ainda vários conselhos aos presentes. Um deles é para que estes “cumpram e excedam os requisitos solicitados pela legislação” e que “pensem a 24 anos”, já que de dois em dois cortes se deve replantar. Outro dos conselhos versou sobre a importância de um planeamento cuidado, processo chave na determinação dos recursos necessários, das plantas mais adequadas, das operações e tipos de adubos a utilizar, e de quem orienta e executa o processo. “70% dos custos da primeira rotação estão na instalação”, afirmou, sublinhando a importância de uma correcta preparação do terreno e da escolha da melhor planta disponível em viveiro (“as raízes não devem estar enroladas” e se estas tiverem pontas brancas é positivo). Clara Araújo fez ainda questão de dar alguns conselhos ao nível da adubação à instalação.
E, em jeito de resumo, declarou: “Melhor silvicultura com melhor material genético = ganho”.
José Rafael, da The Navigator Company fez, por seu turno, uma apresentação com claro destaque para a adubação de manutenção, essencial à cultura do eucalipto nos primeiros quatro anos de cada ciclo. “A adubação de manutenção recomenda-se na Primavera, no fim da época das chuvas”, explicou, fazendo a comparação entre eucaliptais e vinhas e pomares. “Alguém tem alguma vinha ou algum pomar que não adube durante 12 anos consecutivos?”, questionou, deixando alguns conselhos. Por exemplo, que não faz sentido adubar árvores atacadas pela Phoracanta ou pelo gorgulho do eucalipto, nem adubar na altura das chuvas, e muito menos adubar áreas cobertas por mato. E que comprar adubos em grupo poderia ser mais vantajoso para os produtores.
Limites ao crescimento do eucalipto:
- Seca
- Geada
- Encharcamento
- Terrenos pouco indicados
- Pragas como o gorgulho e phoracanta