“Poupanças nas fases de instalação poderão ter consequências bem mais graves no longo prazo”
Que principal ideia que retira do workshop sobre a importância da silvicultura nos eucaliptais?
O principal objectivo deste workshop era o de reforçar a ideia de que a silvicultura, ou seja, o conjunto das operações culturais a que um povoamento é sujeito, é absolutamente determinante, não só das expectativas de produção para o mesmo, mas também da sua vitalidade e, consequentemente, do seu estado sanitário.Pretendemos com isso contrariar a ideia de que um menor investimento – material, técnico ou tão só de esforço na condução dos povoamentos – terá apenas como consequência níveis menos elevados de produtividade. De facto, poupanças nas fases de instalação e iniciais dos povoamentos poderão ter consequências bem mais graves no longo prazo, em momentos em que já não será possível reverter as deficiências que geram.
Como podem os produtores e proprietários florestais ultrapassar as limitações logísticas que por vezes enfrentam?
A principal forma de o fazer é através da cooperação, constituindo associações ou organizações de produtores (empresas ou cooperativas). Da gestão florestal e certificação da sustentabilidade da mesma à concentração da oferta dos produtos florestais tendo em vista a sua comercialização, da melhoria do conhecimento e formação dos activos florestais à protecção florestal, contra os incêndios ou pragas e doenças, a solução passará inevitavelmente pela cooperação e actuação concertada, única forma de se conseguir a escala de intervenção compatível com os níveis de produtividade e rentabilidade desejados.
A CAP representa agricultores, mas também produtores florestais. Foi a principal dinamizadora do associativismo florestal na sua fase inicial, tem cerca de 120 associados directos e indirectos (associações filiadas em federações ou uniões usas associadas), representa os produtores florestais portugueses na Confederação Europeia de Proprietários Florestais e tem assento nas principais instâncias florestais do nosso país (FSC Portugal, PEFC Portugal, Conselho Florestal Nacional, etc.).
“É, portanto, perfeitamente compreensível – diríamos mesmo, exigível – que a CAP tenha uma intervenção não só na representação da produção florestal, mas também no esforço da melhoria das condições de produção em todos os seus aspectos: informação técnica, formação profissional e informação”, defende João Soveral.