Indústria papeleira aconselha a não utilização de técnicas prejudiciais ao solo
Em várias zonas do País, é frequente a utilização de técnicas de preparação do terreno desadequadas que contribuem para a destruição do solo e para a degradação ambiental.
As consequências ambientais a médio-longo prazo são dramáticas, já que estas práticas (como a cava ou surriba com balde) colocam em causa a sustentabilidade do suporte dos ecossistemas terrestres – o solo.
A indústria papeleira aconselha os produtores e prestadores de serviços florestais a não utilizarem certas técnicas que afectam de forma negativa o solo.
Por isso, o Projecto Melhor Eucalipto quis focar uma das suas sessões de informação neste tema. Na semana passada, a 22 de Março, dedicou pela primeira vez uma sessão unicamente centrada na preparação de terreno para a plantação. Foi em Ferreira do Zêzere, numa parceria com a ACHAR – Associação dos Agricultores de Charneca. O objectivo foi informar e clarificar os participantes – maioritariamente proprietários e prestadores de serviços florestais – acerca da legislação e das técnicas recomendadas pela BIOND – Associação das Bioindústrias de Base Florestal.
Na instalação das plantações de eucalipto em Portugal, tal como na instalação de qualquer outra cultura, é necessário fazer a prévia preparação do terreno. Esta operação serve para que as raízes das plantas se desenvolvam adequadamente, devendo ser feita de forma racional com recurso a técnicas e equipamentos que causem o menor impacto possível sobre a estrutura e sobre as camadas do solo. Desta forma protege-se o solo e, não menos importante para quem investe em floresta, reduzem-se custos de produção.
Esta sessão decorreu em dois momentos. Uma primeira parte em sala, onde foram apresentados os objetivos da sessão, explicou-se em que consistem e para que servem as áreas de demonstração do Projecto Melhor Eucalipto, à qual se seguiram duas intervenções: Manuel Rebelo, do ICNF, apresentou as normas técnicas para a elaboração de projetos de rearborização com eucalipto ao abrigo do RJAAR. Eduardo Mendes, do RAIZ, abordou os conceitos de fertilidade e conservação do solo, e as técnicas e equipamentos de preparação do terreno.
A segunda parte da sessão consistiu numa visita de campo para observação de máquinas a executarem duas técnicas diferentes de preparação do terreno: a cava com balde, previamente autorizada pelo ICNF para efeitos de demonstração, e em contraposição a gradagem seguida de subsolagem à curva de nível com bulldozer. A parte de campo permitiu aos participantes verificarem na prática o que já tinha sido discutido em sala: a cava, além de ser uma técnica proibida, é mais demorada e dispendiosa que a ripagem à curva de nível.
Durante o decorrer de toda a sessão, houve oportunidade para uma troca de ideias muito proveitosa entre os oradores e o público (cerca de 30 pessoas), fazendo a CELPA um balanço muito positivo.
Cava (ou surriba): consiste no reviramento do solo em toda a área que irá ser plantada, com recurso a um balde colocado numa máquina giratória.
Extremamente intensiva, esta prática, usada especialmente no Centro do País, contribui para a destruição da estrutura do solo e das suas camadas mais férteis, cuja formação demora milhares de anos. O solo fica assim exposto à erosão da chuva e do vento e a sua pedregosidade (quantidade de pedra) aumenta frequentemente.
A preferência por esta técnica deve-se ao facto de que visualmente o terreno fica com um aspecto mais ‘limpo’, uma vez que a toda a biomassa que se encontrava à superfície fica enterrada, dando a falsa impressão de que o terreno ficou em melhores condições para a plantação, associado à falta de informação sobre as vantagens de outras alternativas tecnicamente mais corretas e dentro da legalidade.
Mais informações sobre as boas práticas de Rearborização: https://www.biond.pt/melhoreucalipto/rearborizacao/
Veja o vídeo: https://www.biond.pt/melhoreucalipto/preparacao-de-terreno/