Melhor Eucalipto

Reforma Florestal: um erro histórico e um atentado à floresta Portuguesa!

A Celpa – Associação das Bioindústrias de Base Florestal considera que a Reforma da Floresta em curso que, na passada semana, viu apressada e atribuladamente aprovar um dos seus mais prejudiciais e penalizadores diplomas, que prevê não só a proibição de novas plantações de eucalipto mas também a redução da sua área no País, representa muito provavelmente o maior atentado realizado à floresta portuguesa na história da democracia em Portugal.

 

Nenhum dos 400.000 proprietários florestais no nosso País poderá aumentar a sua área de eucalipto (que representa apenas 13% da área ardida em Portugal), mesmo que tenha como contrapartida reduzir as suas áreas de matos (responsáveis por 49% da área ardida no nosso País), indo contra um direito básico e constitucional de tentar tirar rendimento das suas muitas vezes exíguas e pouco produtivas terras.

 

A legislação aprovada não respeita a opinião e os fundamentados contributos da quase totalidade dos agentes do sector florestal, nomeadamente das cerca de 50 entidades chamadas à Comissão de Agricultura e Mar, que se pronunciou contra esta medida em inúmeras ocasiões, na consulta pública e em sede da recente consulta parlamentar.

 

Não honra a comunidade científica e universitária, que tem afirmado categoricamente que os incêndios estão directamente relacionados com a falta de gestão e limpeza do território (que leva ao excesso de combustível no terreno), o insuficiente número de “barreiras corta-fogo” (por exemplo, caminhos), o não cumprimento das distâncias legais de segurança (por exemplo, 10 metros face às estradas, 50 metros face às habitações), a desertificação e despovoamento das zonas rurais, o deficiente planeamento e ordenamento do território (interface floresta-agricultura-habitações), e a ausência de vigilância na floresta.

 

Os incêndios em nada dependem das características das espécies florestais, do eucalipto ou outras, como o demonstram os factos históricos e o explica a comunidade científica e universitária. Aliás, ocorreu há uma semana um grande incêndio em Moura, no Alentejo, numa zona onde não há eucaliptos. O incêndio de Alijó, Trás-os-Montes, confirmou, uma vez mais, como o fogo arde devastadoramente onde não há eucaliptais.

 

Além disso, a legislação aprovada desprezou o conhecimento do sector industrial da fileira do eucalipto, cujas florestas, 100% certificadas, são geridas segundo as melhores práticas de silvicultura, respeitando o ambiente e garantindo a biodiversidade, requisitos que são imperativos para a obtenção da certificação da gestão. Desvaloriza igualmente a experiência da indústria, que mantém limpas as suas florestas que, em regra, resistem bem às ameaças dos incêndios (a área ardida anualmente representa menos de 1% da área total sob sua gestão) e servem de barreira à progressão do fogo.

 

A reforma, tal como aprovada no Parlamento, terá um impacto profundamente negativo em toda a fileira florestal:

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Quando a pressa e os interesses político-partidários dominam e suplantam o conhecimento técnico e científico e ignoram a opinião das entidades mais relevantes, conhecedoras e competentes na área florestal, auscultadas em audiências parlamentares, defraudam-se justas expectativas, prejudicam-se milhares de proprietários e empregos, e desencorajam-se investimentos futuros. O erro histórico cometido contra a floresta é de tal forma grave que apenas podemos acreditar na inevitabilidade da sua reversibilidade num futuro próximo.

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